domingo, 21 de dezembro de 2008

NEGRA


Raça negra – de cor preta
Preta que te chamam negra
Nêga – carinhosamente.
Cheiro ardente, cheiro doce
Queria que teu cheiro fosse
Só meu aflúvio, somente.

Agora já que alvadia
A tua alma, franca e fria,
Por que tu choras então?
És negra somente na cor
Tens brancura no teu amor
E muito amor no coração.

Tens encantos e tens magia
Nos cantos melancolias
Que encantam os meus desejos.
Tens os contornos tão puros,
Aveludados, escuros,
De infinitos festejos.

Tens no rosto a palidez,
Talvez, a ousadia, talvez!
Como nos versos que faço.
Portanto, prefiro as rosas,
Púrpuras rosas, e as prosas,
Que faço sem embaraço.

Então, ó Negra! Não deixes
Ainda que assim me queixas
Recostar no ventre liso.
Quero tua espádua nua
Quero que teu corpo estua
Pra te amar num breve aviso.

Quero repousar meu sono
Não sentir mais abandono
E nunca ter cicatrizes.
Quero-te, Nega fogosa!
Ter em noite vaporosa
Os momentos mais felizes.

Quero-te, Nega! Com anseios
Sugar-te os bicos dos seios
E morrer de prazer também.
Quero com muito carinho
Do teu colo o vago ninho,
Ter o perfume que retém.

Ah, Negra! Efeito secreto
Não vês que fico inquieto
Com a quietude do mar?
Estou febril entre as trouxas,
De sedas brancas e roxas,
Estou com febre de amar.

Estou delirando meu amor.
Neste leito com calor
Que teu corpo irradia.
Ah, Negra! Que coisa linda!
Vamos amar, é noite ainda,
Logo vai ser outro dia.

E – quem sabe? – no futuro
Bem mais velho, mais maduro,
Lembrar com muita saudade.
Dos momentos eternos,
Lúbricos, doces e ternos,
De toda a felicidade...


Do livro "Doce Encanto"

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