domingo, 21 de dezembro de 2008

CIÚMES


Há um pouco de ciúme, e o ciúme assim
Aniquila sem tréguas e sem perdão.
Há total desconfiança que se põe fim
E atormenta com devassa o coração.

Há ainda, e bem mais há com desespero
Que raivando se desfolham sem pudor.
Os polutos atos, e te juro que não quero
Nem espero que perturbem o nosso amor.

O ciúme retalha com remorso, minha bela!
Também se perde no prazer de nossa calma.
E no infinito silêncio da branca estrela
Vagam túmidos os desejos de minha alma.

E tu dizes com pilhérias e em delírios
Que não me amas como antes me amavas tanto.
Mas por ti – chorarei entre os lírios,
Mas por ti – cantarei a dor do canto.

Ainda há doces perfumes nas lindas flores
Há tanto que em nosso quarto exalam forte.
Até porque não são felizes outros amores
E como o nosso não tiveram a mesma sorte.

Ao menos agora quando em teus mimos seios
Devanear-me com a avidez que me possui.
Num só beijo, sem ciúmes e sem receios,
Sou mais feliz do que antes feliz eu fui.


Do livro "Setembros para Júlia"

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