sábado, 20 de dezembro de 2008

ODE DA SÚPLICA


Pediste-me, mas não me disseste ao certo...
Não me disseste que um dia, em minuciosas
Palavras, voltarias ainda para bem perto
De quem te ama. Assim, pediste-me morosa.

A tua voz de leve me inebria e me comove!
As frases soltas vêm no soabrir da boca.
Não sei bem se devo, em setembro, dia nove
Na orgia, ao som suave, tornar-te louca.

Não sei, mas pediste-me outra vez mais
O beijo que dulcifica a alma. A razão se perde
Na visão oculta do torvelinho fundo, capaz
De produzir prazer, do teu vestido verde!

Pediste-me as mãos que tuas mãos desejam
Onde os restos de flores estão adormicedos.
Mas, o perfume é latente, os dedos dobram
E aconchegam carinhosamente os desvalidos.

Pediste-me os beijos que não foram dados
Os abraços ermos de um coração vazio.
Mas em tudo o que ali há, nos lábios molhados,
São marcas do letal batom, em desafio.

Eu... à beira das águas, nas tardes inteiras,
Embevecido e louco por te amar assim,
Dei-te todas as flores das ribanceiras
E a minh’alma zelosa e inocente, por fim.

Vejo-te tão linda! Hei de marcar as alianças
E prender-te para sempre neste coração amigo.
E assim eu quero o mundo, de esperanças,
Onde fosses feliz e eu muito mais feliz contigo.


Do livro "Setembros para Júlia"

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