quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

CENA AMOROSA


A cena amorosa da açucena-formosa!...

Virgem, doce e respeitável,
Com ternura e febre de amor.
No seio, com calor estável,
Ardente beijo na boca soou.

É o amor que acena a açucena-formosa!

Nestas cenas amorosas
Caminho que sempre trilho
Vem fazer – mãos caridosas
Os doces aberéns de milho.

A cena amorosa da açucena-formosa!

As coxas roliças e morenas
Sob as vestes transparentes
Ás mostras, elas ficam em cenas,
Durante os abraços bem quentes.

A cena amorosa da açucena-formosa!

Depois de um beijo melífluo.
Ficamos assim: lado a lado.
Os teus cabelos, de cor aurífluo,
Eram tocados pelo vento agitado.

É o amor que acena a açucena-formosa!...

Nestas cenas amorosas
Sob as luzes deste luar.
Colho pra ti – as rosas
Lançadas em alto mar
São as flores primorosas
Deixada pra Iemanjá.
Onde eu canto em prosas
O encanto do pai-orixá.



Do livro "Minhas dedicações"

domingo, 21 de dezembro de 2008

TUAS MADEIXAS


Ao doce vento brincam as tuas madeixas
E, dos teus olhares – num sólido calabre
Desata-se o diadema, sem as queixas
No contentamento duma flor que se abre.

No desleixo dos movimentos – desleixas
De trança em trança, de mecha em mecha,
E sobre a espádua nua, tépida deixas
O meu coração trespassado por uma flecha.

Donzela, és linda como são as gueixas!
Que se agitam de presilhas nos cabelos.
E deste alindado riso, as tuas bochechas
Coram-se de pejo pelos cuidados e zelos.

E assim, nas ondas frouxas dos encantos
Custa-me lembrar dos ávidos desejos.
De amar-te na dor dos nossos prantos
E morrer, morrer nos açulados beijos...


Do livro "Pocema"

DOCE SIMPATIA




Sinto um perfume com um gosto
De rara beleza e de simpatia.
Sorriso tão lindo, nenhum rosto
Espelha com tanta alegria!...









Do livro "Doce Encanto"

NEGRA


Raça negra – de cor preta
Preta que te chamam negra
Nêga – carinhosamente.
Cheiro ardente, cheiro doce
Queria que teu cheiro fosse
Só meu aflúvio, somente.

Agora já que alvadia
A tua alma, franca e fria,
Por que tu choras então?
És negra somente na cor
Tens brancura no teu amor
E muito amor no coração.

Tens encantos e tens magia
Nos cantos melancolias
Que encantam os meus desejos.
Tens os contornos tão puros,
Aveludados, escuros,
De infinitos festejos.

Tens no rosto a palidez,
Talvez, a ousadia, talvez!
Como nos versos que faço.
Portanto, prefiro as rosas,
Púrpuras rosas, e as prosas,
Que faço sem embaraço.

Então, ó Negra! Não deixes
Ainda que assim me queixas
Recostar no ventre liso.
Quero tua espádua nua
Quero que teu corpo estua
Pra te amar num breve aviso.

Quero repousar meu sono
Não sentir mais abandono
E nunca ter cicatrizes.
Quero-te, Nega fogosa!
Ter em noite vaporosa
Os momentos mais felizes.

Quero-te, Nega! Com anseios
Sugar-te os bicos dos seios
E morrer de prazer também.
Quero com muito carinho
Do teu colo o vago ninho,
Ter o perfume que retém.

Ah, Negra! Efeito secreto
Não vês que fico inquieto
Com a quietude do mar?
Estou febril entre as trouxas,
De sedas brancas e roxas,
Estou com febre de amar.

Estou delirando meu amor.
Neste leito com calor
Que teu corpo irradia.
Ah, Negra! Que coisa linda!
Vamos amar, é noite ainda,
Logo vai ser outro dia.

E – quem sabe? – no futuro
Bem mais velho, mais maduro,
Lembrar com muita saudade.
Dos momentos eternos,
Lúbricos, doces e ternos,
De toda a felicidade...


Do livro "Doce Encanto"

O BEIJO


Querida, já é noite, com anseios
Quero sentir teu aroma em nosso leito,
Primorosamente amar os teus seios
Gozando de tudo a que temos direito.

Ó linda mulher!... Vem, vem sem receios
Como a vida nos ensina com jeito,
E do nosso abrigo, com devaneios
Quero, querida, o nosso amor refeito.

Ora, pois, só amor a vida oferece
Como o reflorir do nosso futuro,
Como o próprio futuro nos esquece.

Quero sentir teu corpo com prazer,
Para envolver no que é mais puro!
No que é mais lindo! E sempre assim viver...


Do livro "Doce Encanto"

SOMENTE AMOR


Querida, já é noite, com anseios
Quero sentir teu aroma em nosso leito,
Primorosamente amar os teus seios
Gozando de tudo a que temos direito.

Ó linda mulher!... Vem, vem sem receios
Como a vida nos ensina com jeito,
E do nosso abrigo, com devaneios
Quero, querida, o nosso amor refeito.

Ora, pois, só amor a vida oferece
Como o reflorir do nosso futuro,
Como o próprio futuro nos esquece.

Quero sentir teu corpo com prazer,
Para envolver no que é mais puro!
No que é mais lindo! E sempre assim viver...


Do livro "Doce Encanto"

MULHER


Dos teus olhos, no volver deste olhar
Brotam gotas de lágrimas confusas.
Quero ser a tua luz, te enamorar,
Vem, serás sempre a minha doce Musa!

Dos teus lábios – ó lábios delirantes!
Se em delírios os encontrei chorando,
Tantas e tantas vezes suspirando
Murmuravam baixinho: - Doce amante.

Os teus cabelos, de ondas sinuosas,
Quero afagá-los sem nenhum temor.
Das tuas mãos delicadas e formosas
Quero as carícias deste lindo amor!

Quero cobiçar o teu corpo em chita
Que sensual se agita em louca paixão.
Onde deve meu inquieto coração
Vagabundear com ternura infinita.

Deixa-me sonhar com os teus encantos
Co’a magia de querer amar-te tanto,
Se te adoro nos meus sonhos - Mulher!
Nos teus sou apenas um outro qualquer.


Do livro "Doce Encanto"

AS ROSAS


Que belas rosas eram aquelas
Que ocultavas nos seios?...

Não! Não sei se eram elas
As rosas dos meus anseios.

Não sei, Oh! Linda donzela
Se era mais um devaneio.

Só sei que todas são belas
Como a beleza dos teus seios!


Do livro "Doce Encanto"

CIÚMES


Há um pouco de ciúme, e o ciúme assim
Aniquila sem tréguas e sem perdão.
Há total desconfiança que se põe fim
E atormenta com devassa o coração.

Há ainda, e bem mais há com desespero
Que raivando se desfolham sem pudor.
Os polutos atos, e te juro que não quero
Nem espero que perturbem o nosso amor.

O ciúme retalha com remorso, minha bela!
Também se perde no prazer de nossa calma.
E no infinito silêncio da branca estrela
Vagam túmidos os desejos de minha alma.

E tu dizes com pilhérias e em delírios
Que não me amas como antes me amavas tanto.
Mas por ti – chorarei entre os lírios,
Mas por ti – cantarei a dor do canto.

Ainda há doces perfumes nas lindas flores
Há tanto que em nosso quarto exalam forte.
Até porque não são felizes outros amores
E como o nosso não tiveram a mesma sorte.

Ao menos agora quando em teus mimos seios
Devanear-me com a avidez que me possui.
Num só beijo, sem ciúmes e sem receios,
Sou mais feliz do que antes feliz eu fui.


Do livro "Setembros para Júlia"

HESITANTEMENTE


Não sei se é pecado gostar tanto assim
Minha alma delira e suspira o meu canto.
Que dolente padece de amor sem fim
No aconchego deste calmo e doce leito.

Não sei por que sempre n’alcova te queixas
Onde o silêncio num sono eu mantive.
E a solidão quando a porta se fecha
Machuca a paixão que no meu peito vive.

Não sei se é ternura nos teus mimos olhos
Amante constante da infinita loucura.
Se é dos amores, do mar, e dos abrolhos,
Te juro querida, não sei se é ternura...

O pecado que importa, se a alma é demente
Mas, dos sonhos e dos delírios eu sei.
Esvaíram-se aos poucos da minha leve mente
Quando o teu corpo em volúpia eu amei.

Não sei se é paixão gostar como eu gosto
Apaixonadamente o teu perfume respiro.
E a ânsia de beijar outra vez o teu rosto
Deixa-me o fogo do desejo que suspiro.

Amo. Nem mesmo sei se é assim que se ama
Não sei se é assim com todo este cuidado.
Meu peito macilento por ti chora e reclama
Meu corpo inocente se contorce lado a lado.

Vem, que eu sei porque quero-te tanto
Vem, que eu quero de amor ser amado.
Dos teus doces seios sorver com encanto
E depois morrer. Vem, desce o cortinado.


Do livro "Setembros para Júlia"

SÚPLICA


Tirem –me a feroz fadiga do sofrer
Também do mar, a imensa maravilha!
Tirem-me a cólera e o doce prazer
Que, se existe, também me humilha.

Tirem-me, por Deus! O passo incerto
De um bêbado trôpego que escarra.
Também o canto aflito que de perto
Tagarela com pirraça a cigarra.

Tirem-me as sombras e a solidão
Tudo, tudo que me traz desgosto.
Também os sonhos, o sono e a razão
Deste segredo que me é imposto.

Tirem-me o áspero mal de ser mau,
O sorriso fanado, o sabor dos vinhos,
Por fim, a minha vida infernal.
Mas não me tirem esses carinhos!...


Do livro "Setembros para Júlia"

LOUCA PAIXÃO


Perco-me nos lençóis verdes e floridos
E no rebordo, o teu corpo suave se comove.
Procurando o meu, num resguardo tão querido
Pois tudo nesta hora se extasia e se move.

Beijo-te a boca num bom beijo sorrateiro
E te vendo nua, toda nua, ao meu lado.
A loucura domina o meu corpo por inteiro
A sendo assim, somos muito mais amados.

Junto aos seios, com enlevo, a minha alma,
Num soslaio, sente o agitar do coração.
Amemo-nos nesta noite, com a doce calma
Do fogo anômalo da nossa louca paixão...


Do livro "Setembros para Júlia"

DISTÂNCIA


A distância, nesta louca distâcia
Confesso às paredes minha ânsia
De querer te amar eternamente
Quero ter a tua face pudibunda
E numa emoção terna e profunda
Ter-me em teus braços docemente.

Mais ainda, e muito quisera tanto
Dos lábios teus o doce encanto
De um beijo longo e gostoso.
Sei que a distância ainda existe
Que a saudade há muito persiste
Neste momento tão suspiroso.

Bem sei, são os sentidos das flores,
Que palpitam e gemem de amores
No peito desta pobre amante.
A distância é amarga, minha bela!
Teu poeta já não dorme – ó donzela!
Não vês? – Volta agora neste instante.

Volta que a primavera há de florir
Há silêncio no teu quarto de dormir
Há tanto amor no meu triste coração.
E o teu seio suspirando molemente
Há de sentir que a febre de repente
Estua com volúpia e com paixão.

Na distância louca do meu desejo
Talvez me mate cena do último beijo
Desta minha boca sequiosa e carente.
Enquanto não vens, doce peregrina
Minha alma chora esta pobre sina
De muita saudade. Ó Deus! Certamente...


Do livro "Setembros para Júlia"

sábado, 20 de dezembro de 2008

NO RIO SEM JÚLIA


A noite é fria, é tão fria a noite
Meu corpo é fraco sem o seu corpo.
É como as folhas que vão voando
Tocadas apenas num leve sopro.

O quarto é úmido sem o seu amor
O leito é grande e não tem forma.
É como um rio por entre as serras
Rasgando a terra, vai e se deforma.

Meus passos lentos, sem rumo certo
De certo andam sem ter razão.
São rastros tortos pelos caminhos
Que a vida dita sem explicação.

Júlia, sem você meu viver é triste
Consiste apenas em não viver.
Por isso mesmo, eu quero partir
Porque não posso estar sem você.


Do livro "Setembros para Júlia"

JÚLIA, TUA BELEZA É GRAÇA DIVINA!

Júlia! Tua beleza é graça divina.
O teu olhar terno, parece ser triste!
Se a ti, a felicidade ainda existe,
Por que choras tu desta pobre sina?

Oh! Por que choras, querida, embalando
O riso alindado que tens? – mulher!
Como pode numa ilusão qualquer
Consolar-me, se eu vivo só te amando?

No caminho das arvores antigas
Onde nelas se agasalham os ninhos,
Bebemos juntos, nas taças de vinhos
A doce volúpia das nossas fadigas.

Júlia! Algo assim já não me consola
Não, neste momento de raro gosto,
Talvez quisesse eu beijar-te o rosto
E o corpo sem a fina camisola.

Morrer no carinho daquelas sedas
De um lençol vermelho – de querubim
Sonhar em teus braços, quase sem fim
Portanto eu quero tanto, me concedas!

Pois bem!... a solidão bem que não deve
Levar adiante amargo sofrimento.
Vem!... vem a mim, sem arrependimento
Quero sorver os teus seios de neve.

Júlia! Tua beleza é divina e novel!
Quero no chão que pisas, tuas anáguas,
Quero o teu corpo nu, nas mornas águas,
Das banheiras douradas de motel.

E então – na volúpia das orgias
Haveremos de assim morrer – afeito
Os teus seios em meu dolente peito
Nos desejos de nossas fantasias.

Vês! – cristalina é a beleza tua
Nos encantos dos teus curtos cabelos,
Vejo-os, entre diademas, tão belos!
E tão negros! – como as noites sem lua.

Sinto-me o rejuvenescer dos anos
No aconchego do nosso leito lindo!...
Só por amor – eu morrerei sorrindo
Com mil segredos e mil desenganos.

Mulher, tua beleza é doce e pura
Deste teu corpo, nos lânguidos seios,
Quero morrer de paixão, sem receios,
De tê-los amados com tal formosura.

É esta a felicidade que supomos
Ser o sonho eterno, a flor redolente,
E o amor que, de tanto amar, ser contente,
E ter sempre por perto quem amamos.

Do livro "Setembros para Júlia"

JÚLIA, MINHA DOCE AMANTE!


É tão gostoso ver sorrir a Júlia amante!
Com a alegria de uma contagiante emoção.
É tão gostoso estar ao seu lado, radiante,
E sentir dos seus seios o pulsar do coração.

Ela é amorosa! É sensual! Uma linda mulher!
Que me encanta e de tanto Amor me alucina.
Gosto de alisar a sua pele pelo fecho éclair
Do vestidinho verde, tecido de renda fina.

É tão gostoso gostar do seu jeito de amar
E sentir com volúpia esse doce prazer.
Júlia, amante minha – bela sereia do mar!
A cada instante me apaixono mais por você.


Do livrto "Setembros para Júlia"

NA DOCE INTIMIDADE DO SEU SOUTIEN


Devem ser sempre belas as blusas que guardam os seios e o coração de uma mulher.
Glenda Maier (Prosa Poética)

De dentro dos bojos pequenos
Donde o coração bate profundo,
Guardam dois pomos morenos
As jóias mais raras do mundo!


Do livro "Setembros para Júlia"

JÚLIA


Ainda ontem te conheci, e por ti me apaixonei!
Década e meia, depois – como se ontem ainda fosse.
Quero ardentemente te amar, por mais que te amei,
Por mais que te quero, tão linda, tão meiga e doce!

Passaram-se os anos, e muitos mais anos virão
Quero em teus braços sossegadamente me embalar
E no calor dos teus seios, no conforto do teu colo
Como ontem – alicerçar ainda mais a nossa união.


Do livro "Setembros para Júlia"

UM SONETO PARA JÚLIA


Nunca, os meus olhos, com tanto desejo
Viram com certo encanto, os volteios
Que da ousada blusa fina, sem pejo,
Saçaricavam com graça os teus seios.

Como são belos! – são dois pomos cheios
Brilhando em luzes sem que nada vejo,
E nos sonhos dos meus loucos anseios
Tê-los, quisera, em suave sacolejo.

Quisera, então, recostar com ternura
A minha mão num instante qualquer
Para senti-los em nova aventura.

Mas, agora mesmo, o meu sonho quer
Os teus seios talhados em escultura,
Assim, neste busto lindo de mulher!

Do livro "Setembros para Júlia"

MINHA JÚLIA - II


Nas águas mornas desta banheira de motel
Que além das espumas, de silvestre perfumes,
Entre os cochichos, risos e os queixumes
Estaremos outra vez em nova lua-de-mel.

Assim, revelam-se em nós, os loucos anseios
Tu, neste transparente short-doll, de cor lilás,
Aliás, é nas rendas deste top onde os teus seios
Mostram-se intumescidos e belos por demais!

O Amor é o doce alimento que nos fortalece.
E por isso o teu corpo em gozo, sem lero-lero.
Eu desejo neste instante em que lá fora anoitece
Minha Júlia! Vem, porque muito te quero.


Do livro "Setembros para Júlia"

MINHA JÚLIA - I


Não sei bem, minha Júlia, se dentro do peito
O teu coração, por amar demais, palpita.
Se nas solitárias noites, em casto leito,
Faz-se presente a paixão, forte e bonita!

Não sei minha Júlia, se posso tanto te amar
Como pede o meu coração nesse momento,
És jovem, és bela, e no infinito do mar
Vaga, vagabundeando, meu doce pensamento,

Tens nos seios, os meus loucos festejos
Tens nas vestes, os contornos delicados
Aonde vibra o teu corpo, em ondas de pejos.

Minha Júlia, a mim basta repousar com pecados
E carinho, em teu colo, os meus desejos...
Para sermos bons amantes, se se bem casados
.


Do livro "Setembros para Júlia"

NÃO TE ESQUEÇAS DE MIM

Quando na primavera as flores coloridas
Invadirem o silêncio do teu leito,
E a brisa roçar-te o torso de marfim
Não te furtas assim! Não te esqueças de mim!
Pois eu quero, eternamente, viver contigo.

Quando a flor de tal buquê, sem explicação
Deixar de perfumar este teu corpo em fogo,
Tenho receio que triste passe o encanto
Que tanto mistério me causa, portanto,
Não te esqueças de mim, aflito eu te rogo.

Não. Nunca te esqueças de mim num só momento.
Mesmo quando no céu, das noites escuras,
Encontrar-me a dormir em total solidão
Mesmo quando um forte cheiro de sedução
Vier inebriar-te as faces brancas e puras.

Não te esqueças porque nunca te esqueci
Entende, de te são lembranças fugaces.
Senão momentos de gestos e de carícias
Dos beijos loucos com infinitas delícias
Que a volúpia deixava pejada em tuas faces.

Tinha o teu quarto de um semitom amarelo
Era quase ouro tudo que ali se encontrava.
E eu feliz guardo na lembrança a fantasia
Do primeiro beijo, que desde aquele dia,
Nunca mais me esqueci de como te beijava.

Abre uma flor, amarelinha, entre as outras
Flores à quentura do teu seio doce e lesto.
Tu as tens tão lindas ornamentando o busto
Que, durante os movimentos, fito-as sem susto
Na esperança de ter-te no peito o meu estro.

Sacode o vento, o teu vestido transparente,
Há barulhos nas finas peças que te vestes,
Mas, te esquecer num só dia de tantos anos,
É morrer de improviso com os desenganos
De amar à beira do teu leito azul celeste.

Essa ânsia de amar não se pode esquecer
Pois a ramagem viçosa presa na parede
Externa do teu quarto de dormir – não sabe
Dos momentos que juntos ao som do rebade
Amamos-nos, feitos dois loucos numa rede.


Do livro "Setembros para Júlia"

CONVERSEMOS NA REDE


Na noite, conversemos, não de outra maneira
Senão com alucinados beijos. Sei que,
Ao ronronar da rede preguiçosa, abeira
O meu corpo no teu num intenso prazer.

O beijo dá-se, não se pede e nem se furta.
Beijo-te, então, o desnudado sei, no afã
Do desejo que me adocica ao mel da murta
Enquanto isso, o sol se abrasa pela manhã.

Conversemos na rede, sob a sombra do Ipê
Onde os pássaros têm no canto o lenitivo.
Falemos só de Amor e na escuna entender
A doce sonata do vocal coletivo.

Conversemos na rede enquanto a chuva fria
Enxovalha os teus cabelos, já borrifados,
Pelas gotas esparsas que, durante o dia
Inteiro, caíram sobre os teus seios rosados!

Conversemos, eu quero te dizer e muito
Que sinto com ardor o gozo que conforta.
Como notas suaves ao Dédalo em circuito
Abrigando-nos no batente dessa porta.

Não permita meu Deus, que o silêncio macabro
Esteja na rede a navegar em lago manso.
Mas, que os nautas sejam livres do descalabro
E, sozinhos, se abraçam num belo descanso.

Gosto das redes que me causam pavor e medo.
Gosto dos balanços que me causam tonturas.
E, principalmente, gosto do samba-enredo
Dos movimentos do teu corpo nas alturas.

Manhã – despertar a cada instante – feliz!
À tarde – deitar o pensamento em teu colo.
E de noite – retomar o Amor aprendiz
Enlaçando-me em teus braços a tiracolo.

Conversemos, enfim, sobre nós, os amantes!
Da rede e de todos os lugares exóticos.
No final, o mais feliz sou eu, porque antes
Já te amava nos meus sonhos apoteóticos.


Do livro "Setembros para Júlia"

ODE PARA JÚLIA MARIA


Minha doce Júlia – dias atrás – eu só
Quando só o meu coração, disse:
Não há flor que verga a tanta e tanta beleza!
Não há fonte que afaga a viva natureza
Que, dos teus seios, a volúpia, com doidice.

Não vês, entretanto, desejos antes mesmo
Que o nascer do nosso Amor pela existência?
O sol se fez, todo dourado e tão pequeno
E nas curvas do teu corpo esguio e moreno
Vive o grandioso pecado da inocência.

Não vês, ainda agora, o perfume dos lírios
A tudo quanto sofres, dos falsos delírios
Dos prazeres que te fizera, doce e linda?
Mesmo sabendo o quanto és tu casta ainda
Vem, não há mais mártires e nem martírios.

Oh! Vem, que os sonhos passarão, e tenho medo
De um dia despertar do infinito Amor – talvez!
A fantasia fria deste meu fatal segredo
Seduz toda essa ternura, todo esse enredo
Todo esse queixume de uma única vez.

Houve momentos em que te espionei os seios
Eram dois pomos tênues e intumescidos.
E no fundo de minh’alma, os doridos versos,
Sobre o coração que sofre, vêm dos inversos
Na tardia primavera, entre os doces gemidos.

Os teus aníleos olhos, contritos, dizem...
Com movimentos que só o Amor sabe entender
São palavras de bondade para o coração,
São gestos ingênuos. Carinhosa atenção...
Para os meus gozos, de antes mesmo de morrer!

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

No Mar Dulce onde naufragaram os meus sonhos
De uma noite que me lembro dela – feliz!
Depois de cheirosos banhos, de roupão leve
De cabelos molhados, soltos, como deve
Ser a mulher que tanto amo, que sempre eu quis.


Do livro "Setembros para Júlia"

ODE DA SÚPLICA


Pediste-me, mas não me disseste ao certo...
Não me disseste que um dia, em minuciosas
Palavras, voltarias ainda para bem perto
De quem te ama. Assim, pediste-me morosa.

A tua voz de leve me inebria e me comove!
As frases soltas vêm no soabrir da boca.
Não sei bem se devo, em setembro, dia nove
Na orgia, ao som suave, tornar-te louca.

Não sei, mas pediste-me outra vez mais
O beijo que dulcifica a alma. A razão se perde
Na visão oculta do torvelinho fundo, capaz
De produzir prazer, do teu vestido verde!

Pediste-me as mãos que tuas mãos desejam
Onde os restos de flores estão adormicedos.
Mas, o perfume é latente, os dedos dobram
E aconchegam carinhosamente os desvalidos.

Pediste-me os beijos que não foram dados
Os abraços ermos de um coração vazio.
Mas em tudo o que ali há, nos lábios molhados,
São marcas do letal batom, em desafio.

Eu... à beira das águas, nas tardes inteiras,
Embevecido e louco por te amar assim,
Dei-te todas as flores das ribanceiras
E a minh’alma zelosa e inocente, por fim.

Vejo-te tão linda! Hei de marcar as alianças
E prender-te para sempre neste coração amigo.
E assim eu quero o mundo, de esperanças,
Onde fosses feliz e eu muito mais feliz contigo.


Do livro "Setembros para Júlia"

JÚLIA MARIA


Júlia Maria! Na esteira estreita, quero as tuas asas,
Pois teu corpo em trejeitos, com jeito, me abrasas
Que venha a volúpia nas noites mais longas e frias
E o desejo de aquecer em teus seios todos os dias.

Pois são eles tão cheios de amor onde eu possa viver
Sentir contra o peito ferido o gostoso prazer...
E assim no bulício preciso das ancas redondas
Gozar nos desejos do corpo e nos sopros das ondas.

Se o sol invade o teu quarto com total claridade
Desnuda a brancura dos teus seios em doce vaidade,
Vem, pois quero do ventre em que a nau leve navega
Os doces beijos num só beijo com a vontade cega.

Serás, sempre, do brônzeo céu a estrela querida!
Da esteira esticada no chão a flor nunca esquecida.
Tal foi minha ânsia em espazir aroma em magia
Despertando o desejo em teu beijo – Júlia Maria!

MINHA JÚLIA


Tu bem sabes que não há chiste
Esquecer-te, assim, em pranto.
Que há bem pouco padecia triste
Este teu leve olhar de espanto!

Lembras-te, Júlia! Das suaves
Noites e do cantar da Lira?
Eras livre como eram as aves
E agora do seio o coração suspira.

Sabes também que muito te amo
Que ainda mais, eu te quero tanto,
Oh! Minha Júlia – vem, te chamo
Não devo olvidar-te em pranto.

O que eu adoro em ti não é
Tão somente este teu abraço.
Mas o teu encanto de mulher
E o mistério deste teu regaço.

Vem, vem a mim numa doce paixão
Teu hálito fresco eu quero beber.
E lembrar de ti, com a emoção
De nenhum momento te esquecer.

SETEMBROS PARA JÚLIA

Era mês de setembro, o dia nove
O meu frágil coração se comove
Daquele momento eterno e tão puro!
Estavas, tu, castamente vestida
De branco, a doce noiva pretendida
Da incerteza de um brilhante futuro.

Já faz tantos anos, tantos e tantos
Que hoje, na miragem dos entretantos
Somos nós dois, dois felizes avós.
E naquele dia o Padre nos disse:
- Sejam unidos de agora à velhice
Na alegria de viver o amor a sós.

Lembro-me sempre com muita saudade
Quando ainda assim, na pouca idade,
Eu de ti, loucamente, me apaixonei.
Eras uma inocente e meiga morena
Tão carinhosa, tão doce e serena
Eras uma linda princesa. Eu, um rei.

Do céu azulado, lá no infinito
Ornava em luz o teu riso bonito!
Na felicidade das vivas almas.
E eu reinando com todos os desejos
Na força da oração, e nos ensejos,
A nossa lição de amor tu espalmas.

Eu disse:- Oh! Júlia, querida minha!
Já vistes que a tua boca se aninha
Ao primeiro beijo de uma paixão?
Tu, num doce suspiro de leve
Falaste-me com os olhinhos: - E deve
Haver melhor ternura – o coração?

Éramos jovens, duas pequenas ilhas
Éramos dois loucos – as maravilhas
De que somente o amor sabe entender.
Tu, sendo a flor mais linda do ramo!
Eu, num belo soluçar dizendo: Amo!
Depois o teu sorriso renascer...

Passaram-se os setembros. E depois
(Não são tão somente vinte e dois
outros ainda hão de vir, com certeza)
Ta amar, e não saber dos sentimentos
Para dizer a todos, dos momentos,
De buscar a paz na eterna leveza.

Júlia, boa mãe de três lindos filhos
Madona formosa e de raros brilhos!
Donde são os meus versos arrancados.
Há no crepitar do raio, os devaneios,
E na volúpia dos teus tênues seios
Brotam em mim os poemas sagrados.

Se o tempo voltasse, com a razão,
Se pudesse na mesma tentação
Queria começar tudo outra vez.
E se o meu peito comprimir os ais
Por somente te amar – te amar demais
Rasga-me o coração a timidez...

Vem, eu gosto de tudo na recâmara
Onde a tua imagem nasce na antecâmara
De uma sensualidade singular.
E nesse momento não há segredo
Apenas a paixão de não ter medo
Das purezas em que te posso amar.

Júlia, agora neste instante presente
Consternados, já, pois, se faz ausente
Outrem no seio de nosso convívio.
A vida é assim e sê-lo-á eternamente
Na magia e nos mistérios dessa gente
Numa ilusão logo depois do oblívio.

Vem, afoga-me em suspiros e dorme
Em meus ombros nesta noite fria e enorme
Que te velarei com todo o meu esmero.
Não vês?... Dos teus encantos de donzela
Sedutora, amorosa amante e bela!
Eu quero sentir o teu suave cheiro.

Júlia, noutro setembro, o sol em brasas
Nosso prazer veio nas douradas asas
Para acalentar as grandes emoções...
Não te esqueça do juramento nosso
Do mel que a rosa virginal adoço
Juro que não te esqueci nas paixões.

Mas não perguntes nunca se eu te amo
Nem mesmo ao fogo se ainda há chamas
E se a água ali depositada borbulha.
Porque, por ti, vou vivendo de amores
Que pensarão de nós todas as flores
Quando eu lhes disser: - Quero-te Júlia!...